Futebol Feminino: Os benefícios da atividade e os cuidados na preparação física

Modalidade esportiva que sempre sofreu preconceito, principalmente no Brasil, vem ganhando cada vez mais força, espaço, admiradoras(es) e adeptas em todo o mundo.  

Uma reflexão sobre o assunto

Se você ainda acredita que “futebol é coisa de menino”, é bom dar uma atualizada em seus conceitos para não ficar ultrapassado, pois esse esporte, que sempre carregou o status de “inclusivo” no âmbito social, tem se tornado cada vez mais uma prática de todos no quesito “gênero”.

A cada dia que passa mais e mais mulheres em todo o mundo vêm praticando esse esporte cotidianamente e cuja modalidade está ultrapassando barreiras e superando obstáculos, como o preconceito, em grande velocidade. Não há mais volta, o Futebol Feminino se tornou uma realidade cada vez mais consolidada e está em franca evolução.

Para se ter uma ideia, o futebol, ou soccer, como é conhecido nos Estados Unidos, é o esporte mais praticado entre as mulheres, a ponto delas terem uma seleção que está entre as melhores do mundo. Na Europa, o cenário não é muito diferente, tendo a Alemanha como um dos países protagonistas no cenário mundial, fora Noruega, França, Suécia, entre outras. Até na Oceania o Futebol Feminino é popular, vide a qualidade da seleção da Austrália.

Por outro lado, o Brasil, conhecido como o “país do futebol”, tem a rainha do esporte: a alagoana Marta, que é a única pessoa praticante de futebol profissional eleita seis vezes como melhor do mundo, além de ser a atleta recordista em gols na Copa do Mundo. E mesmo diante de toda essa referência e fonte de orgulho nacional, o Brasil é um dos países que menos oferece apoio as suas atletas, que a cada dia que passa, necessitam de maior suporte e estrutura em razão da evolução da modalidade em nível mundial.

É necessário que haja uma reformulação estrutural nas bases do Futebol Feminino brasileiro, de modo a possibilitar que as mulheres, da mesma forma que os homens, tenham condições de obter uma preparação física e técnica adequada, além de outros quesitos, para que nossas atletas e futuras representantes tenham como disputar em pé de igualdade com outros países.

Se o Brasil assume a alcunha de “país do futebol”, resta saber daqui pra frente: de qual futebol?

 

Preparação física x Riscos de lesões

O treino de futebol para homens e mulheres é o mesmo tecnicamente e taticamente falando, porém, as práticas de ordem física diferem um pouco em razão da estrutura corporal (diferenças fisiológicas ou peculiaridades antropométricas), que permite que os homens suportem uma carga maior e mais intensa de esforço por terem maior percentual de massa muscular e menor índice de gordura. Para se ter uma ideia dessa diferença, basta comparar que em 90 minutos de jogo, as mulheres podem percorrer até 8,5 quilômetros, enquanto os homens percorrem, em média, quase 15 quilômetros, com maior velocidade e intensidade.

No entanto, tecnicamente, estudos comprovam que não há diferença entre os gêneros, ou seja, a mulher pode jogar futebol tão bem quanto o homem, porém em seu próprio ritmo.

Por isso, é muito importante que as mulheres tenham uma programação de exercícios adequada, focada na aquisição de resistência física, que pode realmente trazer benefícios e fazer diferença no rendimento técnico e tático delas.

O risco de lesões nos membros inferiores das mulheres é maior em comparação com os homens por uma série de fatores. Um deles é o ângulo do quadril, que é maior e causa maior instabilidade nos joelhos no momento de uma arrancada.  Outro motivo de maior risco de lesão nessa parte do corpo é o excesso de força, ou baixa força nas pernas, que demandam exercícios que proporcionem maior fortalecimento e equilíbrio da musculatura estabilizadora dessa região. As mulheres têm a tendência de fisicamente serem mais robustas nos membros inferiores em relação à região superior (da cintura pra cima) o que pode causar um desequilíbrio entre as extremidades e centro do corpo.

A falta de flexibilidade muscular da perna também é muito comum entre as jogadoras de futebol e um trabalho mais detalhado diminui o risco lesão durante uma partida. Essa condição (falta de flexibilidade) proporciona também riscos de lesão na coluna lombar. Assim, a flexibilidade se torna importante para se evitar lesões, mas de forma adequada ao corpo feminino.

Grande parte das lesões no Futebol Feminino é gerada durante a execução do chute, que pode afetar o tornozelo e a coxa. As lesões ligamentares, quando ocorrem, demoram mais a cicatrizar na comparação com os homens.

 

Os benefícios do futebol

Além de interação social, o futebol proporciona às mulheres um ganho de massa muscular, melhora o consumo máximo de oxigênio, além de aprimorar o desempenho e a resistência física.

A prática disciplinada do futebol aumenta e melhora os reflexos e a agilidade corporal da mulher que rapidamente atinge o rendimento técnico que um time exige.

Outra vantagem na prática desse esporte é que em duas horas, a perda (queima) média é de 700 calorias (Kcal).

O futebol também proporciona momentos de bem-estar coletivo, estimula o bom humor, aprimora a coordenação motora e possibilita a formação de novas amizades.

 

Modalidades do futebol

Para as iniciantes no esporte vale ressaltar que existem três modalidades de futebol: de campo, de quadra (futsal) e society. A prática delas exige quase o mesmo equipamento (camisa, short, meião, caneleira), o que difere é o tipo de calçado:

Futebol de campo – Exige chuteira com travas altas (de metal ou plástico) para fixar o pé no gramado e garantir maior estabilidade e equilíbrio tanto nas arrancadas quanto nas freadas;

Futsal (ou Futebol de Quadra) – As jogadoras devem usar tênis próprios para o salão, que têm maior aderência ao solo, que geralmente é de cimento ou taco;

Futebol Society – A chuteira possui travas bem pequenas, geralmente de borracha, para dar sustentabilidade na grama sintética e evitar os escorregões no atrito com as borrachinhas que preenchem a quadra.

Curiosidades

  • Antigamente havia a crença de que o futebol não seria um esporte benéfico às mulheres, pois poderia ser prejudicial a um organismo não acostumado com grandes esforços;
  • Acreditava-se que como os exercícios do futebol são feitos com os membros inferiores, as mulheres poderiam tornar-se desproporcionais fisicamente;
  • As mulheres só começaram a jogar bola em paz no fim da década de 1980, pois durante a ditadura militar, uma resolução proibiu que elas praticassem qualquer tipo de esporte considerado “inadequado”, como artes marciais, futebol, polo aquático, polo, entre outros;
  • Não se sabe ao certo quando houve o começo do Futebol Feminino no Brasil. Uma versão sobre o assunto cita que teria começado nas praias do Leblon, no Rio de Janeiro, em dezembro de 1975, Outra diz que a primeira partida de futebol disputada por mulheres ocorreu em jogos organizados por boates gays, no fim dos anos 1970;
  • Guardadas as diferenças de força, homens e mulheres têm desempenhos técnicos similares. Mas antes de se tornarem fisicamente maduros há poucas distinções fisiológicas entre meninos e meninas. Ou seja, meninas têm condições de jogar melhor que meninos não apenas tecnicamente, mas também fisicamente.

O futebol é um esporte para ser praticado por todas as pessoas.

Depois de tudo o que foi dito é importante que não haja timidez ou vergonha de praticar futebol, pois este é um esporte para todas as pessoas como qualquer outra modalidade, que vai te ajudar a obter e desenvolver condicionamento físico, reflexo, agilidade, coordenação motora, além de possibilitar novas amizades, bem-estar e diversão.

É importante ressaltar que antes da prática regular de qualquer esporte, vale a pena fazer um check-up com um médico, além de buscar a melhoria e adequação de suas condições físicas.